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Fé fortalece pessoas e inspira comunidades

Atitudes mais compreensivas e a prática de ações sociais costumam ser os frutos de quem valoriza uma espiritualidade bem resolvida

11 de Junho de 2025 às 22:22
Da Redação [email protected]
Para o pastor Renato Camargo Júnior, da Comunidade Presbiteriana Campolim, além dos benefícios espirituais, como a reconexão com Deus, o estar em comunidade também proporciona ganhos sociais
Para o pastor Renato Camargo Júnior, da Comunidade Presbiteriana Campolim, além dos benefícios espirituais, como a reconexão com Deus, o estar em comunidade também proporciona ganhos sociais (Crédito: Fábio Rogério )

“Fé”, uma palavra pequena, mas que carrega diversos significados. Para alguns, ela pode representar esperança; para outros amor, apoio, motivação... A fé é pessoal e toca cada ser humano de uma maneira única. No entanto, quando compartilhada, ganha força e pode trazer benefícios tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. A fé pode ser considerada uma forma de união e contribuir para uma vida melhor em comunidade.

O padre Julian Carlos de Camargo, da Catedral Metropolitana de Sorocaba Nossa Senhora da Ponte, é uma dessas pessoas que compartilham sua fé. Para ele, trata-se de algo que dá um sentido transcendental à vida.

“Se ficarmos s somente à dimensão material da nossa vida, vamos perceber que ela carece de sentido. Então, a fé é o que lança esse olhar para o transcendente, para além das coisas que a gente vê, que a gente toca, que os nossos sentidos aprendem. A nossa fé lança esse olhar para além dessas coisas, dessas realidades.”

Para o sacerdote, a fé dá força às pessoas para enfrentarem as situações desafiadoras da vida. Ele destaca também que, quando essa fé é compartilhada, ela consola, pois gera apoio e identificação: “É o sentido de que a fé não é vivida de maneira isolada. Então, na igreja eu encontro outras pessoas que partilham dessa mesma fé, desses mesmos objetivos que eu. Então, a fé tem essa dimensão comunitária.”

Outras crenças e religiões também praticam a fé e a espiritualidade por meio da compaixão, do olhar ao próximo e da solidariedade. O pastor Renato Camargo Júnior fundou, há cerca de 15 anos, a Comunidade Presbiteriana Campolim. A igreja, que tem “comunidade” no nome, foi criada com o objetivo de promover acolhimento e práticas sociais.

“A gente identifica no coração das pessoas a necessidade de pertencimento. Elas querem pertencer, elas querem um lugar onde se sintam parte da família”, contou o pastor. Localizada no Parque Campolim, a igreja recebe, aos domingos, para os cultos, cerca de 780 pessoas. Para o pastor, além dos benefícios espirituais, como a reconexão com Deus, o estar em comunidade também proporciona ganhos sociais.

“Os benefícios para a formação da sociedade são imensos, porque, quando a gente entra em contato com a espiritualidade, o objetivo não é a gente se tornar divino, mas resgatar a nossa humanidade.”

Caridade

Uma ideia semelhante é compartilhada por Osmar Narthi Filho, dirigente do Departamento Doutrinário de Comunicação e expositor de palestras e estudos espíritas da Sociedade Espírita Filantrópica Irmã Francisca, localizada na Vila Leão. O local existe há 70 anos e prega a caridade.

“Nós entendemos que o Espiritismo resgata os ensinos de Jesus na sua essência, trazendo-os para o nosso dia a dia por meio de atitudes. Então, para nós, o fundamental são as atitudes - tanto que o lema de Kardec é: ‘Fora da caridade não há salvação.’”

Solidariedade

Para essas três crenças, assim como para tantas outras, a solidariedade tem papel fundamental na vida em comunidade. Na prática, segundo os seus representantes, elas olham para o ser humano independentemente dele seguir ou não a mesma religião.

“O ser humano é também um ser social. Ele está inserido no contexto da sociedade e é chamado a transformá-la, especialmente diante de seus desafios e injustiças sociais. Por isso, é importante ir ao encontro das pessoas que também necessitam da nossa ajuda material”, destacou padre Julian.

Segundo o pastor Renato, diversos projetos sociais também são realizados em sua comunidade, em parceria com outras entidades.

“Surge uma relação de parceria, de desenvolvimento social, de justiça social, que são valores muito caros para nós. Às vezes isso acontece por meio de campanhas. A organização Horizontes, por exemplo, atua com sete projetos de ação social. Nós encaminhamos pessoas para lá, que colaboram oferecendo suas habilidades. Quando há campanhas de arrecadação de cestas básicas, participamos. No fim do ano, surge a necessidade de doar cobertores, e entramos nessas ações para oferecer subsídios à população mais carente.”

O mesmo ocorre na Sociedade Espírita, que também tem forte atuação de cunho social. “Trabalhamos à tarde com famílias carentes que vêm até aqui. As mães, com as crianças, recebem lanche e participam de aulas de moral à luz do Espiritismo. Ninguém é obrigado a ser espírita. Muitas delas seguem outras religiões. A gente não está preocupado com conversão, e sim em oferecer acolhimento e orientação.”

Fiéis

Segundo representantes das diferentes crenças, muitas pessoas procuram uma comunidade religiosa em busca de apoio e respostas. O eletrotécnico Leandro Luiz Fazano, de 52 anos, começou a frequentar a Sociedade Espírita para entender questões que, para ele, careciam de explicação. Após estudar os livros e conhecer a doutrina, encontrou as respostas que buscava. Ele,é voluntário há mais de 15 anos na instituição.

“Dou palestras e realizo vários trabalhos aqui. ei por um momento muito difícil na minha vida, e acredito que me fortaleci por causa da Doutrina Espírita, que me ajudou a compreender o motivo da dor e do sofrimento. Para mim, o Centro Espírita Irmã Francisca é uma bênção, tem um papel muito importante na minha vida.”

Simone Cristine Zambello Scarlassari, de 49 anos, chegou à Comunidade Presbiteriana Campolim após um convite feito por uma amiguinha das filhas, quando se mudou para Sorocaba. Para ela, a igreja tem papel fundamental no fortalecimento da fé.

“É onde podemos adorar e engrandecer o nome do nosso Deus e nos aprofundarmos nas suas palavras para sermos guiados nas nossas decisões e atitudes da vida cotidiana. Ter esse momento de adoração e comunhão toda semana enche o nosso coração de alegria, gratidão e ainda nos fortalece para seguirmos a rotina diária durante a semana com fé e confiança.”

A igreja também é um espaço de convivência e amizade. Ana Maria de Mello Louzada, de 63 anos, e Vicentina da Costa, de 73, participam juntas das missas e atuam em diversas pastorais.

“Para mim, a igreja é a minha casa. Estou aqui há muito tempo e participo de várias pastorais. Acredito que, se nos apegarmos a Deus, conseguimos enfrentar qualquer obstáculo. A fé é tudo, com fé, a gente tem força, esperança e certeza de que tudo vai dar certo. Eu levo isso comigo: nunca devemos desanimar e sempre ser otimistas em tudo”, frisou Ana Maria.

“Frequento desde 1970, sempre fiel à Nossa Senhora da Ponte. Aqui encontrei amizade, trabalho nas pastorais, aprendi muito. Só tenho a agradecer”, contou Vicentina

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