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Espaços Públicos

Espaços públicos têm importância comunitária

Ambientes privados também investem na valorização da convivência

11 de Junho de 2025 às 23:00
Da Redação [email protected]
Parque Chico Mendes é um rico espaço de convivência da cidade, ideal para contemplar a natureza e relaxar
Parque Chico Mendes é um rico espaço de convivência da cidade, ideal para contemplar a natureza e relaxar (Crédito: Alisson Zanella )

Os espaços públicos de convivência desempenham um papel essencial na construção de comunidades mais saudáveis, inclusivas e resilientes. Praças, parques e áreas de lazer não são apenas locais de descanso, mas também são ambientes que promovem a interação social, fortalecem os laços comunitários e contribuem para o bem-estar físico e mental da população.
Esses locais oferecem oportunidades para pessoas de diferentes idades, origens e condições sociais se encontrarem, interagirem e participarem ativamente da vida comunitária. Investir na criação e manutenção desses espaços é fundamental para garantir que todos os cidadãos tenham o a ambientes que promovam a qualidade de vida.

Para Janaína Duarte, de 44 anos, os parques de Sorocaba são mais do que áreas de lazer, são extensões do próprio lar. “Para nós, o Parque das Águas é como se fosse nosso quintal”, define ela, ao comentar a frequência com que sua família utiliza os espaços públicos da cidade para andar de bicicleta, skate ou simplesmente aproveitar o tempo juntos.

A analista de RH ressalta a importância da gratuidade desses locais. “Você não precisa ter dinheiro para ir ear. Dá pra usufruir daquilo que está aberto para população, aproveitando ao máximo o espaço e o tempo em família, que é precioso quando a gente está de folga.” A relação próxima com esses ambientes vai além da recreação, Janaína conta que sempre que recebe visitas, aproveita para frequentar os parques da cidade. “Nós sempre usufruímos do espaço que é cedido para população. Cada eio é uma nova oportunidade de registrar momentos em família, é muito gostoso.”

Já Cristiane de Luzia Oliveira, de 38 anos, compartilha uma vivência parecida, no entanto, além da família, ela também leva o seu pet para caminhar. “Quando nós chegamos em casa, depois do eio, chegamos relaxados. É gostoso, é prazeroso, a gente renova a energia. Chega cansado do eio, mas com a cabeça tranquila.”

Tanto Janaína quanto Cristiane enxergam os espaços públicos de Sorocaba como ambientes de respeito e convivência. Para elas, esses locais não são apenas áreas de lazer, mas pontos de encontro onde as pessoas se cumprimentam, conversam e compartilham momentos. Janaína destaca que, mesmo em locais com grande movimento, como as pistas de skate, há respeito mútuo — cada um ouve sua música sem incomodar o outro e todos ajudam uns aos outros. Cristiane reforça a percepção, dizendo que os parques são organizados, limpos e frequentados por pessoas educadas, o que contribui para uma atmosfera acolhedora e familiar. Essa convivência saudável, segundo elas, é essencial para fortalecer os laços sociais e tornar a cidade mais agradável para todos.

Apesar de concordar com a importância dos espaços públicos para o bem-estar e a qualidade de vida, Lígia Resende de Noronha Gulart, de 33 anos, traz uma visão mais crítica sobre a convivência nesses ambientes. Para ela, o contato com a natureza é essencial, especialmente por ter vindo de Minas Gerais e sentir falta da vegetação mais densa. Embora reconheça que Sorocaba oferece opções como o Parque das Águas, ela aponta que poderiam existir mais áreas arborizadas e sombreadas

Boa convivência


Sobre o respeito nos espaços públicos, Lígia acredita que, em geral, há sim uma boa convivência, mesmo quando o parque está cheio e diferentes atividades acontecem ao mesmo tempo. No entanto, ela destaca pontos que a incomodam, como o uso de caixinhas de som em volume alto e o descarte inadequado de lixo — atitudes que considera desrespeitosas. Sua experiência mostra que, embora os espaços públicos tenham valor social e emocional, ainda há aspectos que podem ser melhorados para tornar a convivência mais harmoniosa e inclusiva.

Além dos 23 parques espalhados por diferentes regiões de Sorocaba, clubes e ambientes privados também oferecem convivência entre uma parcela da população.

Entre os frequentadores desses espaços, destaca-se Camila Gabrielle de Melo Haddad, mãe de Robertinho, um menino de 8 anos diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela compartilha sua experiência sobre como a convivência em ambientes como clubes e parques tem sido fundamental para o desenvolvimento social e emocional de seu filho: “O contato que o meu filho tem com as pessoas, com as crianças no parquinho, com as aulas dos professores é fundamental para a evolução dele”. Camila também enfatiza a importância desses espaços para se desconectar do mundo contemporâneo: “Eu acho que esses momentos de convivência não fazem a diferença somente para as crianças, mas hoje em dia nós também estamos muito focados na internet e em lugares como parques e clubes você consegue se distrair.”

Mariella Moreno Silveira, de 42 anos, também ressalta como esses momentos de convivência são importantes para a qualidade de vida. “Essas ocasiões nos desestressam, pois carregamos um peso durante a semana e nesses ambientes nós conseguimos dar bastante risada. Eu acho que isso é essencial para o nosso bem-estar.”

Além de impactar na saúde, a convivência nesses ambientes também ensina valores de respeito e coletividade, afirma Alessandra Polônia Macedo de Barros, de 55 anos. “O respeito é uma coisa bem difícil. As pessoas, estão mais egoístas e vivem do jeito que elas acham que tem que viver. Mas em espaços públicos têm regras e eu acho isso muito importante. Porque a gente não pode deixar a educação de lado. Em todos os lugares é preciso ter regras. Respeito é poder, independente do lugar.”

Regras são importantes

Então, para que haja respeito em espaços de convivência como o Ipanema Clube e o Clube de Campo Sorocaba, é essencial que existam regras que funcionem como diretrizes para orientar esse convívio. Wilson Roberto Solano , de 60 anos, presidente do Ipanema Clube, explica a importância da regulamentação para que todos possam aproveitar os ambientes de forma harmoniosa. “Regra e regulamento: são muito importantes.”

Solano também destaca um aspecto importante da vida em espaços coletivos: a necessidade de convívio social. “Hoje, as pessoas estão carentes de interação entre si”, observa. Ele aponta que, ao contrário do ambiente de um condomínio, onde cada um se sente dono do próprio espaço, no clube, o sentido de pertencimento é coletivo. “Quando você entra num local social, você automaticamente se torna parte de uma comunidade, de um convívio com as pessoas”, explica, ressaltando que essa experiência estimula o respeito e a colaboração entre os frequentadores.

Áreas urbanas com vegetação garantem boa qualidade de vida

Mesmo com o crescimento acelerado e a expansão urbana, Sorocaba ainda abriga áreas de vegetação nativa que mantêm viva parte da rica biodiversidade da região. As praças, parques, jardins públicos e outros espaços de convivência são muito mais do que locais para encontros e lazer — eles também desempenham um papel essencial na conservação da biodiversidade. Os visitantes desses lugares são também responsáveis por esse cuidado.

O professor de engenharia ambiental da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Alexandre Marco da Silva, de 54 anos, fala que a proteção da biodiversidade também depende do engajamento da sociedade civil e de políticas públicas consistentes. Investimentos em planejamento urbano sustentável, corredores ecológicos, recuperação de áreas degradadas e educação ambiental são fundamentais. “Todos podem contribuir, desde plantar uma árvore nativa no quintal até participar de mutirões de limpeza, cada pequena ação conta e quanto maior a conexão das pessoas com a natureza urbana, maior será o apoio à sua conservação”, conclui o professor. Além disso, a presença da biodiversidade nos espaços de convivência traz um impacto direto no bem-estar das pessoas. “Quem nunca irou o voo de uma ave, a agem de um pequeno mamífero ou a beleza de uma árvore florida, ainda mais sabendo que essas espécies são nativas da própria região? Esse conhecimento, aliado à convivência com plantas e animais locais, valoriza ainda mais esses elementos naturais e promove o bem-estar da população. Quanto maior for a compreensão e o conhecimento da comunidade sobre esses aspectos, maior será o desejo de conservar esses espaços. Por isso, a educação ambiental é a base essencial para fortalecer esse vínculo, pois quanto mais clara e ível for a informação, mais as pessoas se sentem motivadas a valorizar e colaborar com a preservação da biodiversidade.”

Alexandre também explica que, além de oferecerem lazer e bem-estar à população, esses locais ajudam a preservar espécies da vegetação nativa e a manter o equilíbrio dos ecossistemas urbanos. O Zoológico Municipal Quinzinho de Barros se destaca nesse contexto, atuando não só como espaço de visitação, mas como centro de conservação e educação ambiental, abrigando espécies ameaçadas de extinção e promovendo pesquisas e programas de manejo.

No entanto, apesar da existência desses espaços, a expansão urbana continua sendo um dos maiores desafios para a biodiversidade local. “O crescimento urbano mal planejado compromete áreas naturais e isola populações de animais e plantas. Isso favorece a perda de biodiversidade. Por isso, é essencial que existam parques e unidades de conservação mesmo dentro da cidade”, afirma Alexandre.

Em meio ao concreto e ao asfalto, os espaços verdes de Sorocaba não são apenas ilhas de lazer: são verdadeiros santuários da vida. Manter e ampliar essas áreas é preservar não apenas o meio ambiente, mas a qualidade de vida das próximas gerações.

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